sábado, 11 de janeiro de 2014

Série Couro Noturno - episódio 5 - "Rapidinha" no Escritório

"Rapidinha" no Escritório


Ela desligou o telefone apressada, depois de agradecer brevemente pela informação do porteiro. Acendi o celular novamente, iluminando-a, uma vez que luz elétrica não havia retornado ainda. Madalena parecia transtornada com o telefonema, como se travasse alguma batalha interna. Ainda conservou o olhar perdido por um breve momento, então encarou-me.

- Meu marido está subindo para me buscar.

- O elevador está funcionando? - indaguei, sobressaltado; só faltava ele me pegar na sala com Madalena.

- Pelas escadas, o porteiro disse. - ela respondeu, meio distante, como se mil coisas passassem em sua cabeça ao mesmo tempo - São vinte e seis andares. É pouco tempo, mas...

Ela interrompeu a frase e - ainda não acredito - puxou-me pela camisa para o seu abraço e cobriu minha boca com a sua, num beijo quase violento. Por Deus, me deixou inteiramente arrepiado! Sem o menor pudor, ela invadiu minha boca com aquela língua faminta e eu a segurei contra meu corpo, quase sem ar. Entrelacei meus dedos nos cabelos loiros da minha deusa, enquanto girava o corpo agarrado a ela, levando-a imediatamente até a parede mais próxima. Espremi aquela mulher deliciosa contra a parede do escritório, esquecendo-me de todo o resto... ainda mais quando levei as mãos às coxas dela e descobri sua saia já suspensa. Pressionei meu quadril contra o corpo dela, para que ela sentisse o quanto eu estava duro. Que delícia foi quando ela gemeu pra mim...

Eu estava disposto a morrer por ela naquele momento. Tinha a leve consciência de que Isaac Oggioni estava subindo as escadas, e de que ele sacaria uma metralhadora para me fuzilar no melhor estilo Rambo se me visse apenas tocar em Madalena. Mas o calor daquele corpo feminino colado ao meu, a maciez daquela boca voluptuosa e cada gemido baixinho que escapava dela enquanto me beijava nublavam minha mente completamente. Eu precisava tê-la. Tudo o mais, qualquer outro pensamento, tornava-se cada vez mais distante.

De repente, Madalena espalmou as mãos no meu peito, empurrando-me, ordenando que eu me afastasse. Puxei-a de volta para mim, procurando sua boca novamente, totalmente louco por ela. Ela me empurrou com mais força e, como eu insistia, deu-me um tapa. O choque me fez parar, nem tanto pelo estalido seco e ardência que se apoderou do meu rosto, mas pela consciência de que ela havia me agredido. A violência repentina dela me fez ranger os dentes. Fiquei possesso. E ainda mais excitado.

- Chega. Por hoje é tudo o que você vai ter. - ela sentenciou, sua voz ainda ofegante depois do amasso.

- Madalena... - murmurei, algo entre um súplica e um rugido.

- Isaac não pode encontrá-lo aqui, pivete. - disse ela, depois de respirar fundo, e parecia tentar se concentrar - Suba pelas escadas para o andar de cima, e fique lá. Me dê cerca de meia hora para eu deixar o prédio com Isaac; só depois desça. Entendeu?

- Entendi... chefinha. - rosnei, nada satisfeito; embora no fundo eu soubesse que eu precisava sair de cena naquele momento.

- Vá. - ela ordenou, enquanto segurava-me pelos ombros, sutilmente conduzindo-me para fora da sala.

Já havíamos cruzado a porta da sala de Madalena, e tateávamos entre os móveis do espaço amplo que abriga a minha mesa e a de meus colegas, quando vimos uma luminosidade fraca atravessar a porta por onde eu deveria sair. Era uma lanterna, embora ainda estivesse distante. Isaac, sem dúvida. Congelamos no lugar em que estávamos. Ela sussurrou um enérgico "volta!" e puxou-me para sua sala novamente.

Adentramos a sala o mais rápidos e silenciosos que pudemos, e ela me ordenou que entrasse no banheiro. "Tranque a porta e não saia daí por nada!" ela comandou, e girei a chave silenciosamente, atento aos ruídos do lado de fora. No momento seguinte ouvi a voz de Isaac.

- Madalena? - ouvi-o chamar e seu tom de voz não era nada amistoso.

- Estou aqui, Isaac. - ela respondeu - Acabei de juntar minhas coisas. Se quiser, já podemos ir.

- Por que a pressa? - ele rebateu.

Fez-se um incômodo e longo silêncio, no qual colei meu ouvido na porta, tentando descobrir o que acontecia. Tive medo que ele fosse violento com Madalena de alguma forma. Se eu tivesse de sair do esconderijo para defendê-la, eu o faria, sem pensar duas vezes.

- Por que está aqui sem luz até essa hora? - ouvi-o perguntar.

- Estava trabalhando, a luz acabou e demorei para reunir meus pertences para ir embora. Nisso, você chegou. - Madalena fez uma pausa - Obrigada por vir me buscar.

- Acho que preciso cuidar melhor do que é meu. - rebateu o homem, com a voz mais grave - Farei isso de agora em diante.

- Isaac... não... - ouvi Madalena dizer, mas sua voz não tinha a mesma firmeza de antes.

Houve silêncio, um silêncio que me pareceu eterno, na agonia em que eu estava. Que diabos estaria acontecendo?

- Vamos embora, Isaac... por favor... - ouvi-a dizer, e a voz dela parecia quase suplicante agora.

- Não. - ele respondeu - Quero você agora. Quero ter você aqui.

Meu coração acelerou imediatamente. Eu não ouvira bem, só podia ser. Ele não ia... ah, meu Deus... ele e Madalena, ali fora, ha poucos centímetros de onde eu estava, trancado, me escondendo. Apurei os ouvidos ainda mais, esperando. Não podia acreditar que eu teria de suportar aquilo.

Subitamente a ouvi soltar um gritinho abafado. Então, um gemido, quase dolorido. Em seguida, os pés de um móvel começaram a ranger sobre o assoalho liso do escritório. Ritmadamente, os pés do que parecia ser a mesa de Madalena rangiam agudamente no chão. Na minha mente, de imediato se formou uma imagem: Madalena deitada sobre sua mesa de escritório, com a saia completamente suspensa e a blusa parcialmente aberta, sendo penetrada por aquele bruto. Tentei afastar a imagem e o ódio que me consumia por dentro. Que vontade de abrir aquela porta num rompante e cobrir de porrada aquele cara que se tornara meu rival. O cara que estava agora desfrutando do corpo da mulher que eu desejava, que estava exatamente no lugar onde eu queria estar, e onde eu estaria nesse exato instante, se ele não tivesse aparecido.

Fechei os olhos, e encostei a cabeça no azulejo frio do banheiro. Tentava me abster de ouvir aquilo, mas não conseguia. O rangido agudo persistia, marcando cada estocada com que aquele animal invadia o corpo quente da minha loira. O corpo firme e volumoso que estivera no meu abraço momentos antes, aquele corpo que eu desejava debaixo de mim mais do que tudo na vida. Passei a mão pela calça, tentando acomodar em outra posição o pênis que continuava ereto, por causa dela. Chegava a doer, tamanho o desejo. Enquanto eu permanecia frustrado e confinado, longe da mulher que me enlouquecera minutos antes, Isaac estava lá fora, levando a melhor. O rangido no assoalho se acelerava acentuadamente, demonstrando a brutalidade com que ele a penetrava agora. Imaginei meu rival segurando-a pela cintura, enquanto a trazia para si, penetrando-a cada vez mais fundo. Notei que minha mandíbula doía, pela força com que apertava os dentes, ao imaginar aquela cena.

Ouvi-a gemer baixinho, ofegante, sucessivas vez. Ela estava gozando, eu tinha certeza. Estava gozando com... ele. Maldição, isso era mais do que eu podia suportar. Precisei reunir toda a minha força de vontade para não socar a parede. Ou voar porta afora e socar Issac.

Em seguida ouvi um urro grave e tudo silenciou. Sabia que ele havia havia se despejado dentro dela, dentro da minha Madalena. Uma raiva sem tamanho rugia no meu peito, como um alien tentando sair para fazer suas vítimas.

O silêncio se fez novamente, por um instante. Então ouvi um último ranger da mesa, e um breve farfalhar de roupas. Ouvi o som de um beijo, um beijo úmido, possessivo. Contraí os punhos, sentindo os dedos começarem ficar dormentes. Logo em seguida ouvi os passos deles se afastarem em direção a saída, especialmente os saltos de Madalena. Acompanhei em pensamento minha musa até a porta, imaginando seu caminhar sexy e elegante.

Resolvi esperar bastante antes de sair do meu esconderijo. Levei as mãos ao cabelo com raiva, ainda descrente do que havia presenciado. Meu corpo tremia de desejo e frustração. Ouvi-la gozar havia sido perturbador, e ainda mais perturbador era o fato de que aquele orgasmo não havia sido proporcionado por mim.

Na completa escuridão, deixei meu corpo deslizar pela parede, sentando-me no chão do banheiro. Eu deveria ficar ainda um bom tempo oculto ali, sentado, a fim de refrear a vontade de sair por aquela porta correndo e fazer uma besteira da qual, seguramente, eu me arrependeria depois.



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Nota da autora: Os episódios anteriores dessa série podem ser lidos aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1- O Diário
Série Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

4 comentários:

  1. Coitado do Miguel... Ganha uma prévia, só para ter que se esconder e ouvir sua musa com outro homem. Desesperador, imagino eu... Mas espero que ele seja recompensado!

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    1. Pois é, Sammatha... eu não queria estar na pele dele nem por um segundo.
      Que situação! Fico pensando que consequências esse episódio terá daqui para adiante... é certo que ele gostou do aperitivo, e Madalena também. ;)

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  2. Eita que o Pivete de calminho foi pra louco em 2 segundos!
    Rapaz... e o Issac marcando território? Ainda bem que ela já tava aquecida pelo primeiro amasso senão a delicadeza do marido ia ser um tanto dolorosa, rs.
    Gostei!
    Aguardo cenas dos proximos capitulos!

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  3. É por aí mesmo, Nanda, o garoto tem sangue quente, só precisava de um incentivo.
    E, sim, o Isaac também tem um temperamento bem quente e possessivo, que parece ter despertado finalmente.
    O cenário está mudando para Madalena, resta saber como ela vai lidar com os "monstros" que ela mesma anda criando. Não é nada prudente cutucar dois vespeiros ao mesmo tempo. ;)

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