sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Série: Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

Miguel


Saí do chuveiro, esfregando vigorosamente a toalha no cabelo molhado. Sequei a barba um pouco mais, enquanto me sentava na cama, sentindo as panturrilhas queimarem depois do futebol noturno com a galera. Mesmo eu tendo corrido por cinco jogadores em campo, minha mente não conseguia se afastar das preocupações recorrentes.

Meu novo emprego prometia ser tudo que eu sempre desejei: uma oportunidade de crescer no setor administrativo de uma mega-empresa. Mal acreditei quando fui contratado. Mas o que antes me parecia um sonho está se tornando um pesadelo. 


Tenho feito meu trabalho com esmero, passado voluntariamente do horário no escritório, abarcando até mais do que as minhas obrigações, no intuito de agradar e de mostrar serviço. Tenho sido prestativo e cortês, e todos no meu setor parecem simpatizar comigo; digo, quase todos. A pessoa a quem mais eu precisaria impressionar, minha superior direta e dona da empresa, parece simplesmente não me suportar. Sou capaz de apostar que não terei emprego por muito tempo, e todos os planos que eu fiz sobre perspectivas reais de crescer profissionalmente irão por água abaixo.


O dia de hoje foi um bom exemplo. Precisei entrar em sua sala para colher seu visto na papelada, por duas vezes. Na segunda vez, seu olhar quase me fulminou. Encarou-me sem a menor paciência e assinou tudo sem dizer uma palavra, tão rapidamente quanto pôde, apenas para livrar-se da minha presença. E nem mesmo sei o que fiz para merecer tamanho distanciamento.


Sempre que posso, a observo discretamente, já que, da minha mesa, posso vê-la no interior de sua sala. A mulher vive compenetrada em seu trabalho, com uma expressão superior e competente. Sinto que posso aprender muito com ela, se eu tiver a oportunidade. Sinto.. não sei... como se meu futuro estivesse ligado a ela de alguma forma. Meu olhar escapa para a sala dela o dia inteiro, da mesma forma que seu nome me vem à mente todo o tempo. Madalena. A bela Madalena.


Dona Madalena, aliás. O que há, Miguel? Está enlouquecendo, cara? Qual a relação direta entre seu crescimento profissional e a aparência dela? Nenhuma. Então pare de pensar besteiras pra se concentrar apenas nos aspectos profissionais. Mas...


Deus, o cheiro dela é maravilhoso. Cheiro de hidratante caro, algo que lembra frutas frescas e canela. O que justificaria aquela pele de aparência sedosa... que dá vontade de tocar. O que me freia - e me intimida - é a austeridade da imagem dela, envolta em seu tailleur bem cortado, com os cabelos loiros presos num sensual coque alto. Sempre que a encaro me sinto um mero mortal, diante de uma das deusas do Olimpo. Ela é linda... e emana um poder que não sei explicar.


Disseram-me que ela já passou dos quarenta, o que absolutamente não parece, e... que é casada, muito bem casada. Casada com um grande sortudo, eu diria. Imagino como deve ser maravilhoso contemplá-la com as mechas loiras soltas sobre lençóis de cetim, envolta numa camisola longa e elegante, que deixe aparecer apenas os pontos mais estratégicos do seu corpo. Imagino o que seja deitar-se a noite com ela, perfumada e linda, e com um ar tão... experiente...


Caio em mim, de repente, percebendo que me acaricio enquanto minha mente fantasiava com ela. Estou completamente ereto e lubrificado. Oh, droga, estou perdendo o juízo. O que eu espero que aconteça? Que aquela mulher linda, madura, bem casada, numa posição social muito superior à minha irá, algum dia, notar a minha existência? Ou melhor, que irá sentir-se atraída por mim a ponto de ir parar na minha cama? Qual é, cara? Acorda.

Mas.. se por um momento isso acontecesse... ah, certamente... ela não ia se arrepender.

Meu desejo é deitá-la com calma, e saborear-lhe o corpo inteiro. Imagino como deve ser um tesão excitá-la. Passar minha língua em cada centímetro daquele pele macia cheia de pelinhos dourados. Sentir o corpo dela se arrepiando, os mamilos enrijecendo... vê-la arquear o corpo como uma gata, ofegando baixinho pra mim. Invadir sua intimidade com a minha língua ávida, e sentir o gosto quente e doce da excitação dela... e estimulá-la até que ela atinja o orgasmo na minha boca. Quero lamber cada gotinha do prazer dela. E estimulá-la de novo, e de novo... durante uma madrugada inteira. Eu só me satisfaria depois de tê-la saciado inteiramente. E nada no mundo me daria mais prazer.


Ah, droga... eu preciso de um banho gelado. É para onde vou nesse exato momento. Um banho gélido e uma noite de sono é tudo o que terei agora.


Espero sinceramente que todas essas imagens desapareçam do meu pensamento pela manhã. Não tenho ideia de como conseguiria chegar ao final do expediente, se a visão dela me fizer sonhar acordado assim novamente.


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Nota da autora: O episódio anterior dessa série pode ser lido aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1 - O Diário