sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Série Couro Noturno - episódio 4 - Isaac

Isaac


Apoiei os cotovelos sobre a mesa por um momento, pressionando as têmporas. Céus, há tempos minha cabeça não doía tanto.

Tomei mais um gole do café, que já esfriara, depois de totalmente esquecido. Fiz um careta e desisti da caneca, colocando-a fora do meu alcance.

Olhei à volta, para distrair os pensamentos por um instante, antes de voltar a me concentrar no trabalho. Deleitei-me novamente com o alívio da redecoração recente de meu escritório.

Havia persianas fechadas em todas as vidraças e janelas. Já não podia ver os funcionários que orbitavam minha sala, a menos que precisassem entrar. E todos foram avisados de que meu humor não andava em sua melhor fase, então seria melhor que fossem bastante seletivos ao me incomodar.

Especialmente Miguel.

Não que ele tenha recebido instruções diferentes dos outros, mas era para não ver aquele par de olhos azuis assomar à minha porta que eu torcia a cada minuto.

Aproveitei para cobrir de persianas o mundo externo também. Nada de paisagem através das amplas janelas. Estou fechada em minha caixa, concentrada apenas no meu trabalho. Melhor assim.

Consultei o relógio, dando-me conta de que o expediente já se encerrara há mais de três horas. Não me importei com o horário, fora apenas curiosidade. Isaac estava acostumado às minha chegadas tardíssimas em casa, sempre com a desculpa de que estava trabalhando. Foi assim que sempre dei minhas escapadas noturnas, regadas a sexo e dominação. Eu tenho a necessidade de dominar, subjugar. Me alivia e me excita ao mesmo tempo. Para isso possuo servos, já que Isaac... Bem, a verdade é que Isaac NUNCA se submeteria aos meus caprichos.

Isaac é um homem corpulento e dominante. Tem personalidade marcante e gênio explosivo, entretanto estende a mão para ajudar e abraça para consolar alguém com a mesma determinação e intensidade. É o tipo de homem que se ama ou se odeia; não existe meio termo para ele.

Eu mesma o amo em algumas horas e o odeio em outras. Não há como ficar indiferente à sua presença.

A manhã com Isaac havia sido difícil. Perguntou-me quem era Miguel, depois do maldito sonho erótico que tive, tão real a ponto de eu chamar o nome do pivete enquanto dormia. Eu sabia que a pergunta aberta era apenas o primeiro passo de Isaac, e que ele iria investigar a fundo. Então de nada adiantava mentir.

Disse, com a maior naturalidade que me foi possível, que Miguel era um funcionário novo da firma e que estava me dando algum trabalho por não conhecer o serviço e não estar entrosado com o grupo. Ok, tudo isso eu inventei. Mas o que mais eu poderia dizer para justificar que um dos meus funcionários permeasse meus pensamentos por mais de um décimo de segundo?

Isaac mostrou-se abertamente desconfiado. Não havia nada de concreto para que ele suspeitasse de Miguel; certamente sua desconfiança era um reflexo de todas as minhas saídas noturnas anteriores. Saídas essas em que eu dizia que estava no escritório até tarde.

No escritório onde Miguel também trabalha agora.

De fato, a grande maioria dos meus atrasos noturnos era anterior à contratação de Miguel, e uma breve pesquisa poria Isaac a par disso. Mas, a esta altura, como saber se eu não conhecia Miguel anteriormente, e por isso lhe conseguira um emprego na minha equipe? Uma mente desconfiada pode ser extremamente criativa. E um homem fustigado pelo ciúme tece tramas em sua mente dignas de Hollywood.

Dei-me conta de que estava imersa em tais pensamentos quando a luz acabou. Houve um repentino blackout, que fez o computador apagar-se na minha frente sem aviso, assim como todas as luzes. Fiquei na escuridão total.

Mantive-me calma nos primeiros três segundos, pensando que o gerador poderia ter um minúsculo atraso para cobrir a falta de energia. Entretanto, após quinze segundos, compreendi que o gerador não iria funcionar.

Deixe- me ver se entendi. Eu pago uma fortuna para manter uma empresa de nível internacional em um dos prédios comerciais mais modernizados do país. O mínimo que eu espero é uma infra-estrutura condizente com a quantia extorsiva que me cobram mensalmente.

E o sistema de gerador deu pane junto com o apagão da companhia elétrica. O que mais pode dar errado?

O telefone fixo em minha mesa tocou. Atendi ao quinto toque, depois de tatear para encontrá-lo tentando não derrubar os objetos mais frágeis que habitavam minha mesa.

- Madalena, por que não está em casa? - soou contrariada a voz de Isaac.

- Por que estou trabalhando, como pode ver.

- Presumi que havia ficado subentendido que precisávamos terminar aquela conversa agora à noite. Pensei que voltaria cedo.

- Pois eu presumi que você precisava de espaço, depois da maneira como ficou enfurecido pela manhã. Em nenhum momento eu disse que voltaria cedo para conversarmos. Até porque já dissemos coisas demais hoje cedo.

Nesse exato momento a porta do meu escritório se abriu num rompante.

- Tudo bem aí, Dona Madalena?

Miguel. Era só o que me faltava.

- Quem chamou seu nome, Madalena? Quem mais está aí até essa hora? - inquiriu Isaac, com a voz cheia de acusação.

- Um funcionário acabou de entrar para ver se estou bem, Isaac, por que a força elétrica acabou um minuto antes de você ligar. Estou no escuro.

- O prédio tem gerador. E que funcionário? - fuzilou Isaac.

- Deve ser o faxineiro, Isaac. Como vou saber nessa escuridão? - disfarcei, mas minha voz começava a dar sinais de estresse; havia sido uma péssima hora para Miguel entrar.

- Pois peça que ele se identifique. Quero ouvir seu funcionário dizer o próprio nome. - ordenou ele - Pergunte, Madalena.

Oh, Deus. Se eu me recusasse seria pior.

- O funcionário que acabou de entrar... - respirei fundo, que Deus me ajude - Pode dizer seu nome, por favor?

- É o Seixas, Dona Madalena. Me desculpe incomodar. - respondeu Miguel, usando o nome do faxineiro do nosso andar.

- Conseguiu ouvir, Isaac? - indaguei, tentando disfarçar na voz, meu alívio.

- Ouvi. - respondeu secamente - Madalena, quero que venha para casa. Agora.

- Isaac, estou sem luz no vigésimo sexto andar. Como espera que eu faça isso?! - retorqui, começando a ficar irritada.

- Apenas venha para casa. Estou lhe esperando. - e desligou o telefone.

- Merda! - praguejei, antes que pudesse me conter ou mesmo questionar se Miguel continuava ainda na sala ou não.

Fiquei em silêncio, imersa na escuridão. Comecei a tatear meus pertences, e o som dos objetos sendo tocados sobre a minha mesa se espalhou pela sala.

Vi algo brilhar na escuridão. Miguel ainda estava ali, e acendeu o celular iluminando minha mesa. Deduzi que queria se certificar de que eu desligada o telefone.

Aproximou-se, com o celular ainda aceso.

- Tudo bem, Dona Madalena?

- Tudo. - respondi.

- Precisa de ajuda? Ou companhia? - ele insistiu.

- Não, tudo bem.

- Se precisar de algo, pode chamar, está bem? - ofereceu, com a voz suave e sincera; não demonstrava nada mais que preocupação genuína. Deixou que o celular se apagasse.

- Obrigada, Miguel. - e, após um momento breve de indecisão, acrescentei - E... obrigada por se identificar como sendo o Seixas. Foi... não há como te explicar mas... - expirei pesadamente, para aliviar a pressão - apenas obrigada.

- Não por isso... depois do que a senhora disse, algo sobre ser o faxineiro, imaginei que era isso que esperava ouvir.

Garoto esperto.

- Sinto muito por ter permanecido aqui durante seu telefonema... - ele continuou, na escuridão -  queria me certificar de que não precisava de algo.

- Obrigada, Miguel. - bufei, ainda tentando me livrar da tensão, e tentando me livrar dele; estava começando a ficar perturbada com sua presença tão solicita e tão próxima. Acrescentei, esperando que o sarcasmo o repelisse - Tudo que eu preciso é de uma hora num SPA, com um massagista cinco estrelas.

Ele se calou por um momento e cheguei a cogitar se havia deixado a sala. Mas a voz de Miguel soou novamente.

- Não posso garantir as cinco estrelas, mas... sei o suficiente sobre massagem para receber elogios sempre que tento. - garantiu, enquanto ouvia sua voz se aproximando de mim, sentia as mãos tatearem minha cadeira.

- Miguel, eu não quis dizer...

- É aqui que está a tensão? - indagou, já com as duas mãos nos meus ombros.

Meu Jesus. Ele apertou meus músculos doloridos, com firmeza e técnica. Eu devia dizer-lhe para parar imediatamente, mas não tive forças. Podia sentir a tensão se esvair do meu corpo, a medida que ele manipulava os músculos rígidos acima das minhas omoplatas e ao longo do meu pescoço. Simplesmente deixei a cabeça pender para frente e permiti que ele continuasse.

O pivete era realmente bom. Aqueles dedos esguios que eu observara tantas vezes tinham um toque firme e sensual. À medida que a massagem prosseguia, seu movimentos ficaram um pouco mais lentos e ritmados. E ele apertava minha nuca com mais ênfase, quando deslisava os polegares na subida do meu pescoço, prosseguindo até a raiz do meu cabelo. Era como se apreciasse o leve roçar do meu cabelo em suas mãos. Comecei a imaginar se o pivete estava tentando me seduzir. Ou se ele mesmo estava seduzido com a situação. Ou se ambas as coisas estava acontecendo ao mesmo tempo.

O fato é que aquele toque sedutor era tudo o que preenchia minha mente naquele momento. Imersa na escuridão total, eu era pura sensibilidade. Era como se meu sentidos tivessem se apagado todos, cedendo lugar apenas ao tato, que absorvia com voracidade a sensação da pressão ritmada dos dedos dele sobre a minha pele. Sentia-me como se tivessem me vendado propositalmente, para ampliar outros sentidos. Como já vendei meus servos na cama. Da mesma maneira que vendei Miguel em meu sonho.

O sonho... as imagens voltaram à minha mente. Meu pivete amarrado à cama, os músculos firmes daquele corpo seminu, exposto apenas para o meu deleite. Aquele pivete que me fazia arder de desejo tinha suas duas mãos sobre mim naquele momento, e me massageava com firmeza e empenho, e seu toque tinha algo de paixão. Gemi baixinho, involuntariamente. Quando me dei conta do que eu havia feito, prendi a respiração. Ele me apertou com mais força, assim que o gemido deixou meus lábios. Ouvi quando ele expirou com força, como que para aliviar a própria tensão.

Deus, eu estava perdendo o controle.

Já não bastasse suas mãos me enlouquecendo, em seguida senti que ele se inclinava, e perguntou, próximo ao meu ouvido:

- Está gostando... Dona Madalena?

A voz dele estava entrecortada, impregnada de um desejo que ele tentava disfarçar. Senti o hálito quente dele próximo ao meu rosto ao mesmo tempo em que senti o perfume sutil que usava, algo que lembrava a brisa marinha numa manhã de inverno.

- Lembre-me de lhe dar uma condecoração por isso... - tentei ironizar, para disfarçar o desejo que me queimava por dentro.

Ouvi um breve som, como um risada discreta e satisfeita, e as mãos dele continuaram seu trabalho.

Era o riso velado de um homem que também queima de desejo por dentro. A esta altura eu tinha certeza que ele também estava excitado com aquela situação.

E nós dois estávamos sozinhos no escritório às escuras.

Que vontade incontrolável de dar o bote sobre aquele pivete delicioso.

Em algum ponto da minha mente, que eu queria mandar que se calasse, havia a lembrança de que ele era meu funcionário, de que estávamos no meu escritório, e de que eu estava ficando louca de vez.

Lutando contra isso havia meu corpo queimando, a ponto de eu me aproveitar da escuridão completa para me provocar ainda mais.

Certa de que não se podia ver nada naquele breu, e de que o pivete não enxergaria, usei as duas mãos para subir discretamente a saia que usava, até o alto das coxas. Então acariciei de leve o meio de minhas pernas, mal conseguindo respirar quando senti o toque de meus dedos sobre a vulva inchada de desejo. Minha calcinha estava completamente molhada.

A união dos dois toques, as mãos masculinas do pivete na minha nuca e ombros, e meus próprios dedos sobre a calcinha de renda, estavam prestes a me convencer de que a única coisa certa a se fazer era sentar aquele guri na minha cadeira e cavalgá-lo até eu me satisfazer por completo.

Já não estava preocupada com nada mais que não fosse a necessidade urgente de senti-lo duro dentro de mim.

Oh, Deus... que se dane todo resto!

Respirei fundo, e ia pronunciar o nome do pivete quando o maldito telefone tocou novamente, tão alto sobre a minha mesa que me fez pular de susto.

Segurei o fone num rompante, ainda sobre o gancho, enquanto Miguel, também sobressaltado, retirava as mãos dos meus ombros. Minha vontade era arremessar o aparelho longe. Mas algo me dizia que era melhor atender.

O telefone deu o terceiro toque, e eu o levei ao ouvido.

- Sim?! - vociferei para o aparelho.

- Dona Madalena, é da portaria. O senhor Isaac acabou de tomar as escadas. Disse que está subindo para buscá-la.

Pu-ta-mer-da!!! Mas agora?!


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Nota da autora: Os episódios anteriores dessa série podem ser lidos aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1- O Diário
Série Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Série Couro Noturno - episódio 3 - Não Esqueça a Uva

Não Esqueça a Uva


- Quieto agora.

- Sim, Madalena...

- Não... diga "sim, minha senhora".

- Sim... minha senhora...

- Ótimo.

Rodeei a cama, verificando as amarrações na cabeceira e nos pés da cama. Meu servo estava firmemente atado, pelos pulsos e tornozelos, imóvel com os braços e pernas abertos, como "o homem vitruviano" de Da Vinci. Postei-me ao pé da cama, de pé, com uma pequena chibata negra em punho. Ele não desgrudava os olhos de mim, devorando cada detalhe do meu corselete negro, da saia curtíssima que evidenciava-me as coxas, das meias-liga sete-oitavos quase totalmente ocultas pelas botas que iam até bem acima dos joelhos.

Ele estava praticamente hipnotizado. Imobilizado, sobre a cama forrada de cetim vermelho, totalmente à minha mercê, estava o meu belo Miguel. Vestia apenas uma cueca boxer branca; todo o restante de seu corpo estava à mostra e eu me deliciava com a visão dos seus  músculos jovens e esguios. Ele me encantava, com sua pele branca, os cabelos e a barba da cor do chocolate, e os olhos num belo tom de azul cinzento. Sem contar a boca cheia e rosada, que começava a escurecer para um nuance mais vinho sempre que ele ficava excitado.

Olhávamos fixamente um para o outro durante quase uma eternidade.

- Gosta do que vê, pivete?

- Você está maravilhosa, Madalena.

- Senhora! - repeti, estalando a chibata triangular de couro na coxa dele.

- Ai... está maravilhosa.. minha senhora... minha dona.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando manter o controle. Céus, como esperei por isso.

Aproximei-me dele, retirando da minha cintura uma tira negra de tecido. Vendei-lhe os olhos. Voltei a mesinha lateral e retirei, do interior da taça onde havíamos tomado vinho, uma uva verde, ainda congelada. Caminhei até ele novamente, ordenando que não se mexesse por nada. Então deposite na cavidade do umbigo de Miguel a uva gélida e molhada.

Ele se contraiu imediatamente, com a sensação inesperada, mas lutou para permanecer imóvel e acatar minha ordem.

- Quero que esta uva permaneça sobre o seu umbigo até que eu a retire. Se você se mover, ela cai, e você apanha. Entendeu, pivete?

- Sim, senhora.

- Muito bem.

Inclinei-me sobre a cama, e comecei e provocá-lo. Mordi-lhe a palma da mão aberta e em seguida abocanhei o dedão, chupando-o profundamente, raspando os dentes de leve vez por outra. Passei para o pulso e o mordi, então segui deslisando a pontinha da língua por todo o se braço estendido, até alcançar o bíceps. Ajoelhei-me na espaçosa cama ao lado do meu prisioneiro, e mordi aquele bíceps firme e alongado. Ele gemeu baixinho. Mordi e lambi mais uma vez o braço do meu belo Miguel, passando para o peito logo em seguida. Arranhei o peitoral dele, deixando a pele branca marcada. Mordi seu peito, massageando seu corpo com firmeza. Quando mordi um mamilo, ele gemeu alto. Não resisti a beijar-lhe a boca nesse momento.

Nossas línguas se procuravam, incansáveis, enquanto eu acariciava seu cabelo cacheado, a barba cheia e sexy e o pescoço grosso do meu guri. Recuei ao fim de um longo beijo, vendo-o ofegar de desejo, a boca linda num tom de vermelho escuro. Adorava observar suas cores mudando, dos lábios, da pele, à medida que ele se excitava mais e mais.

Voltando ao ponto onde eu havia parado, mordi-lhe o peito uma vez mais, e comecei a descer para o abdomem, mordendo e chupando, continuamente. Eu o deixava cada vez mais ofegante, enquanto observava a uva em seu umbigo tremer perigosamente.

- Pivete. - Chamei, entre uma mordida e outra.

- Senhora....?

- Não esqueça a uva. E a surra.

- Oh, Deus... sim, senhora. - ele suspirou, tentando manter-se imóvel novamente.

Continuei a mordê-lo, cada vez mais para baixo. Quando mordi-lhe o membro duro por cima da cueca, ele expirou o ar com força, tentando manter-se controlado. Então passei a massageá-lo, ainda por cima do tecido; com uma mão passeando por toda a sua ereção, outra no saco, acariciando-o e arranhando de leve.

Ele tentava bravamente se controlar, e eu podia sentir seu corpo inteiro rígido de desejo e tensão. Eu podia sentir a luta interna dele, a vontade de se entregar ao desejo de um lado e a torturante obrigação de me obedecer de outro. Como aquilo me enlouquecia! Adorava exercer meu poder sobre ele, mantê-lo sob controle, e ao mesmo tempo excitá-lo, desafiando-o a perder o controle. Amaria da mesma forma puní-lo se ele precisasse, e igualmente recompensá-lo depois com mais prazer do que ele jamais sonhara.

Com um rápido movimento, capturei a uva do seu umbigo com a boca, e a engoli.

- Está livre da provação, a uva se foi.

- Graças... - sussurou, aliviado.

- Quer me agradecer por isso?

- Adoraria, minha dona.

Deslizei minha calcinha até os tornozelos, livrando-me dela em seguida. Desabotoei a saia curta, jogando-a sobre uma cadeira. Nesse momento eu vestia apenas o corselet a as botas longas com meias de liga.

Subi na cama, ficando de pé sobre ela. Caminhei, com os pés dos dois lados do corpo de Miguel, até ficar acima da cabeça dele. Então abaixei-me, ficando de cócoras, com as coxas bem abertas, com meu sexo a apenas alguns centímetros de sua boca. Ele ficou bastante inquieto. Naturalmente, devia estar sentindo o cheiro da minha excitação e especulando sobre o que eu pretendia.

- Então me agradeça agora.. me faça gozar, Miguel. Quero sentir a sua boca em mim. Agora. - sussurrei, lânguida de desejo.

Imediatamente, senti sua língua quente na minha carne, invadindo-me, acariciando-me, deixando-me mais e mais sensível, e totalmente louca por ele... sentia meu coração acelerar, o orgasmo se aproximando, avolumando-se dentro de mim...

Tudo à minha volta se tornava difuso, como se eu adentrasse aos poucos outra realidade, que não aquele quarto onde eu e Miguel nos entregávamos um ao outro. Sentia-me leve, confusa... sentia a excitação e a certeza da presença de Miguel, seu contato com o meu corpo...

- Ahh...  Ahh, pivete... hmmm... pivete safado...

Senti-me mais tonta então... uma leve confusão... meu corpo sendo tocado... ouvia meu nome sendo pronunciado... Madalena...

- Madalena. Madalena, acorde. Madalena!

Abri os olhos, sobressaltada. Isaac, meu marido, estava ao meu lado, com suas enormes mãos em meus ombros, tentando despertar-me.

Isaac. Por Deus, Isaac. Estou em casa, no meu quarto, com meu marido. Jesus, eu estava sonhando... com Miguel. Oh, bom Deus...

- Madalena, o que ouve? Teve pesadelos de novo, meu amor? Você falava dormindo... algo sobre pivetes.

Jesus, Maria, José! Eu não acredito que eu disse isso em voz alta!

- Eu... eu não lembro. Ainda bem que me acordou, Isaac; já que eu falava dormindo, devia ser mesmo um pesadelo. Mas na confusão de acordar... eu não me lembro.

- Pobrezinha. - Isaac se aproximou e beijou-me o rosto - Você esta gelada, querida. Ainda deve ser do sonho. Venha. Vou te pôr num banho quente.

Isaac levantou-se da cama, estendendo a mão para mim. Segurei-lhe a mão e me deixei guiar. Já no banheiro da suíte, despi-me e enfiei-me no chuveiro, sem o menor estado de espírito para pensar em banheira ou sais de banho. Tudo que eu precisava era um bocado de água sobre a minha cabeça e o abençoado silêncio que se seguiria, enquanto ambos nos aprontávamos para mais um dia de trabalho.

Ensaboei-me tentando esquecer. Mas não conseguia virar a página. Eu falara "pivete" enquanto dormia. O quanto meu marido poderia tirar dessa informação? Será que acreditava mesmo que eu tivera um pesadelo com pivetes, ou apenas tentava me provocar? Teria notado algo mais? Teria percebido o quanto eu estava excitada quando despertei?

Do modo que Isaac é fechado, posso passar milênios sem descobrir coisa alguma. E não vai adiantar jogar indiretas; ele nunca as corresponde. Pensando bem, é melhor esquecer antes que eu enlouqueça. Foi um incidente isolado, e a palavra "pivete" em si não é nada comprometedor. Preciso apenas me acalmar, e virar a página. Mostrar-me prolongadamente tensa é que pode vir a levantar alguma suspeita.

Continuei a ensaboar-me, tentando limpar a mente deste assunto, começando a concentrar-me nas tarefas do dia. Podia ouvir a água da pia fazendo seu barulho característico, enquanto Isaac escovava os dentes. No final das contas, a rotina estava correndo como todas as manhã. Era melhor mesmo eu parar de me preocupar.

Isaac fechou a torneira, e bateu a escova de leve na borda da pia. Secou-se com a toalha de rosto, e ficou um momento em silêncio, frente ao espelho.

- Madalena?

- Hmm, querido?

- Quem é Miguel?

Ai... meu... Deus.



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Nota da autora: Os episódios anteriores dessa série podem ser lidos aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1- O Diário
Série Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Série: Couro Noturno - episódio 2 - Miguel

Miguel


Saí do chuveiro, esfregando vigorosamente a toalha no cabelo molhado. Sequei a barba um pouco mais, enquanto me sentava na cama, sentindo as panturrilhas queimarem depois do futebol noturno com a galera. Mesmo eu tendo corrido por cinco jogadores em campo, minha mente não conseguia se afastar das preocupações recorrentes.

Meu novo emprego prometia ser tudo que eu sempre desejei: uma oportunidade de crescer no setor administrativo de uma mega-empresa. Mal acreditei quando fui contratado. Mas o que antes me parecia um sonho está se tornando um pesadelo. 


Tenho feito meu trabalho com esmero, passado voluntariamente do horário no escritório, abarcando até mais do que as minhas obrigações, no intuito de agradar e de mostrar serviço. Tenho sido prestativo e cortês, e todos no meu setor parecem simpatizar comigo; digo, quase todos. A pessoa a quem mais eu precisaria impressionar, minha superior direta e dona da empresa, parece simplesmente não me suportar. Sou capaz de apostar que não terei emprego por muito tempo, e todos os planos que eu fiz sobre perspectivas reais de crescer profissionalmente irão por água abaixo.


O dia de hoje foi um bom exemplo. Precisei entrar em sua sala para colher seu visto na papelada, por duas vezes. Na segunda vez, seu olhar quase me fulminou. Encarou-me sem a menor paciência e assinou tudo sem dizer uma palavra, tão rapidamente quanto pôde, apenas para livrar-se da minha presença. E nem mesmo sei o que fiz para merecer tamanho distanciamento.


Sempre que posso, a observo discretamente, já que, da minha mesa, posso vê-la no interior de sua sala. A mulher vive compenetrada em seu trabalho, com uma expressão superior e competente. Sinto que posso aprender muito com ela, se eu tiver a oportunidade. Sinto.. não sei... como se meu futuro estivesse ligado a ela de alguma forma. Meu olhar escapa para a sala dela o dia inteiro, da mesma forma que seu nome me vem à mente todo o tempo. Madalena. A bela Madalena.


Dona Madalena, aliás. O que há, Miguel? Está enlouquecendo, cara? Qual a relação direta entre seu crescimento profissional e a aparência dela? Nenhuma. Então pare de pensar besteiras pra se concentrar apenas nos aspectos profissionais. Mas...


Deus, o cheiro dela é maravilhoso. Cheiro de hidratante caro, algo que lembra frutas frescas e canela. O que justificaria aquela pele de aparência sedosa... que dá vontade de tocar. O que me freia - e me intimida - é a austeridade da imagem dela, envolta em seu tailleur bem cortado, com os cabelos loiros presos num sensual coque alto. Sempre que a encaro me sinto um mero mortal, diante de uma das deusas do Olimpo. Ela é linda... e emana um poder que não sei explicar.


Disseram-me que ela já passou dos quarenta, o que absolutamente não parece, e... que é casada, muito bem casada. Casada com um grande sortudo, eu diria. Imagino como deve ser maravilhoso contemplá-la com as mechas loiras soltas sobre lençóis de cetim, envolta numa camisola longa e elegante, que deixe aparecer apenas os pontos mais estratégicos do seu corpo. Imagino o que seja deitar-se a noite com ela, perfumada e linda, e com um ar tão... experiente...


Caio em mim, de repente, percebendo que me acaricio enquanto minha mente fantasiava com ela. Estou completamente ereto e lubrificado. Oh, droga, estou perdendo o juízo. O que eu espero que aconteça? Que aquela mulher linda, madura, bem casada, numa posição social muito superior à minha irá, algum dia, notar a minha existência? Ou melhor, que irá sentir-se atraída por mim a ponto de ir parar na minha cama? Qual é, cara? Acorda.

Mas.. se por um momento isso acontecesse... ah, certamente... ela não ia se arrepender.

Meu desejo é deitá-la com calma, e saborear-lhe o corpo inteiro. Imagino como deve ser um tesão excitá-la. Passar minha língua em cada centímetro daquele pele macia cheia de pelinhos dourados. Sentir o corpo dela se arrepiando, os mamilos enrijecendo... vê-la arquear o corpo como uma gata, ofegando baixinho pra mim. Invadir sua intimidade com a minha língua ávida, e sentir o gosto quente e doce da excitação dela... e estimulá-la até que ela atinja o orgasmo na minha boca. Quero lamber cada gotinha do prazer dela. E estimulá-la de novo, e de novo... durante uma madrugada inteira. Eu só me satisfaria depois de tê-la saciado inteiramente. E nada no mundo me daria mais prazer.


Ah, droga... eu preciso de um banho gelado. É para onde vou nesse exato momento. Um banho gélido e uma noite de sono é tudo o que terei agora.


Espero sinceramente que todas essas imagens desapareçam do meu pensamento pela manhã. Não tenho ideia de como conseguiria chegar ao final do expediente, se a visão dela me fizer sonhar acordado assim novamente.


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Nota da autora: O episódio anterior dessa série pode ser lido aqui:
Série Couro Noturno - episódio 1 - O Diário

domingo, 8 de dezembro de 2013

Refém

Abri os olhos pesadamente, retomando os sentidos, sentindo-me ainda entorpecido. Minha mente girava, como quem acorda de um porre. Não me lembrava de ter bebido... aliás, não me lembrava de coisa alguma desde a noite anterior.

Comecei a tomar consciência de onde - e como - eu estava. Havia música. Rock. Sentia uma dor quase cortante em meus pulsos e nos meus tornozelos. Percebi que estava amarrado. Haviam me atado pelos pulsos, com os braços acima da cabeça, de modo que meu corpo ficava levemente suspenso do chão, que eu tocava apenas com as pontas dos pés. Me debati, tentando me soltar. Estava desperto a esta altura, totalmente desperto. Senti meus tornozelos amarrados com tamanha firmeza que não me deixariam, realmente, ir a lugar algum. Tentei gritar e não consegui. Minha boca estava selada por uma fita adesiva. Por Deus, eu estava ferrado.

"Gonna make a jailbreak, And I'm lookin' towards the sky..." tocava em meus ouvidos. Alguém me pusera fones de ouvido, onde podia ouvir o AC/DC tocando em looping, como que caçoando da minha situação. Havia um diminuto aparelho de MP3 que havia sido preso... na minha cueca. Oh, Deus, eu estava seminu. Onde estavam minhas roupas? Ah, merda... não, calma. Calma, calma. Ok. Estava só de cueca e descalço, amarrado pelos pulsos e tornozelos, suspenso por uma corda atada a uma argola no teto. Amordaçado, num comodo que, como eu acabara de reparar, tinha revestimento a prova de som. E AC/DC em meus ouvidos. "Jailbreak... I got to break out, Out of here..."

Encarei os fatos, eu havia sido sequestrado. Eu não sou rico, não fazia ideia de porque justamente eu. Mas eu ia dar um jeito de pagar... meu resgate.  Droga, eu precisava fugir. E se não cobrassem resgate? E se eu fosse torturado? Afinal, por que eu estava seminu? O desespero começou a tomar conta de mim. Precisava fugir, precisava fugir. Comecei a me debater feito um louco, as cordas marcando ainda mais meus pulsos.

De repente, a porta do quarto isolado acusticamente se abriu. Meus olhos se arregalaram diante do assombro do que eu via. Uma mulher entrou, e trancou a porta atrás de si. Encarou-me, com um sorriso maldoso. Ela estava completamente vestida de Mulher-Gato.

Caminhou lentamente até mim, enquanto eu observava aquele disfarce tão incomum. A máscara de couro cobria o alto da cabeça como uma touca, encobrindo até as maçãs do tosto, recortadas apenas em torno dos olhos. Também possuías as características orelhinhas da personagem da DC Comics. O cabelo negro estava preso em uma longa trança e lhe caía pelas costas até a cintura. Trajava um sutiã de couro, que lhe cobria parcialmente os seios fartos, deixando a barriga à mostra. A calça justa, também de couro, era retalhada na frente das coxas, como se garras de uma gato gigante a tivessem rasgado. Eram coxas dignas de se admirar, mesmo estando eu naquele estado. Calçava botas de salto, arrematando a roupa totalmente negra. Por fim, um detalhe mais preocupante do que a loucura daquela roupa exótica: ela trazia um chicote com longas tiras de couro atado a cintura.

"Rrrrrrrrrr, miau..." a mulher ronronou para mim assim que chegou perto, e logo pude entender a razão do rock nos fones de ouvido. Eu podia ouvi-la, entender as palavras, mas não seria capaz de reconhecer-lhe a voz dada a presença da música. Eu não fazia ideia de quem era a mulher à minha frente. Até mesmo lentes de contato imitando olhos de uma gata ela se dera ao trabalho de usar. Começava a me perguntar se até mesmo a trança estilo Lara Croft era real, ou apenas mais uma característica calculada para despistar.

Me apeguei aos traços daquela boca, única característica que me sobrava para tentar reconhecê-la. Era pequena, com lábios não muito cheios, mas me pareceu extremamente sensual. Assim que percebeu meu olhar concentrado ela riu de lado, e passou a língua pelo lábio superior, hipnotizando-me ainda mais. Que Deus me ajudasse, eu estava imobilizado, a mercê de uma louca, e meus instintos estavam começando a sair do controle.

Ela ergueu os dedos, passando as unhas pintadas de negro na pele do meu peito, arranhando-me com certa pressão. O rastro vermelho e ardente que ela me deixou na pele começou a deixar-me levemente tonto. A mulher baixou os olhos para a minha cueca, e encarou-me novamente, balançando a cabeça em negativa, com um ar debochado. "Gatão ordinário" ela disse, enquanto rodeava-me lentamente. Eu estava visivelmente excitado, como ela acabara de apreciar.

Continuou a arranhar-me a pele, passando pela minha cintura, subindo pelas minhas costas. Minha respiração ia se tornado mais pesada a medida que o tormento prosseguia. Além de excitado, por Deus, eu estava com medo. Não tinha idéia do que esperar. Então ela desceu somente uma unha pela minha coluna, muito lentamente, enquanto eu me arrepiava por inteiro e me contorcia com a sensação. Chegando a beirada da minha cueca, ela parou, e apalpou meu traseiro, apertando-me com a mão inteira. "Que bunda linda" ela disse, e senti a queimação que veio junto com um estalo alto. Ela havia me dado uma palmada, com bastante força, e minha pele continuava ardendo segundos depois. Ela baixou minha cueca parcialmente, e me deu a segunda palmada, do outro lado, com a pele nua. "Linda e dura, essa bunda gostosa", ela disse, recolocando minha cueca em sua posição original.

Eu estava ofegante. E suava. Comecei a falar, mesmo que minhas palavras fossem incompreensíveis, por causa da fita que me amordaçava. Ela se pôs na minha frente, e olhou o revestimento acústico das paredes à nossa volta, com um debochado desdém. Era como se dissesse que não adiantaria eu gritar. Então arrancou-me a mordaça adesiva com um puxão seco. A pele em torno da minha boca queimou tanto que senti meus olhos arderem, à medida que se enchiam dágua. Já não podia dizer se era a dor ou a raiva que me queimava a vista daquela forma. Respirei fundo e contive as lágrimas, sentindo os olhos vermelhos enquanto eu a encarava, irado.

- Que merda você acha que está fazendo? - desafiei.

- Nada que você não mereça. - retorquiu a mulher-gato, enquanto eu absorvia a voz feminina e grave, através da música em meus ouvidos - Você é um cara malvado. Merece seu punido. Estou aqui pra isso.

- E você me conhece? - grunhi, irritado.

- Conheço você bem, muito bem. - ela deu uma gargalhada sombria, como se saboreasse um segredo - Você é que não me conhece. Mas eu sei muito sobre você, seu pervertido.

Encarei-a mudo. Mil coisas se passavam pela minha cabeça, pairando entre a descrença e o pavor. Não tinha ideia do que ela estava falando, mas estava me sentindo completamente ferrado. Ela riu da minha expressão interrogativa.

- Ah, internet... janela traiçoeira pela qual as pessoas falam muito mais do que deviam. Tenho uns três perfis na rede, pelos quais converso com você, deixando você pensar que são pessoas diferentes. Conheço sua personalidade e seus relacionamentos através de redes sociais. Fechando negócios com você, consegui seu endereço, telefone e até seu CPF. E através de bate-papos conheci seu lado mau, cheio de taras e fantasias. Decidi que você merecia levar umas palmadas, por ser um menino muito, muito levado. E com toda a informação que tenho, não foi difícil capturar você.

- Então é você... - falei, mais para mim mesmo, juntando mentalmente as informações.

- Eu quem, cara? - ela desafiou - Todos os meus perfis tem informações falsas. Você não tem idéia de quem eu realmente sou.

- Se fechou negócios comigo também tenho seus dados, seu endereço...

- É tudo "fake". - ela me encarou com seriedade - Eu não deixo rastros quando eu caço.

Puta merda. Eu estava farrado de verdade. E a mulher era totalmente pirada.

Ela saboreou aquele momento de pânico estampado no meu rosto. Riu e mordeu os lábios, divertida. Desatou o chicote da cintura, enquanto eu procurava recompor a minha sobriedade. Talvez eu tivesse uma chance, se me mostrasse um adversário a altura.

- Então.... minha caça. Quero uma confissão. Diga: "eu tenho sido um mau garoto".

- Pode esquecer. - rebati.

- Fala! - ela rosnou entredentes, e estalou o chicote nas minhas pernas.

Senti as tiras de couro queimarem minha coxa, que permaneceu ardendo bastante tempo depois dela ter puxado o chicote.

- Louca! - grunhi.

- De novo. "Eu tenho sido um péssimo garoto." Repete.

- Não. - respondi.

Ela me estalou o chicote umas quatro vezes seguidas, deixando minhas duas coxas pegando fogo. Ahhh, desgraçada. Se eu conseguisse colocá-la de quatro, ela é quem ia levar uma boa surra.

- Ainda não ouvi. - ela insistiu, estalando o chicote no meu abdomem.

- Ai, porra! Eu tenho sido um mau garoto! Satisfeita?

Ela sorriu, vitoriosa. Que raiva!

- Fala que você é um tarado.

- Eu sou um tarado. - rosnei entredentes, o olhar furioso fixado nela.

- Você.. é.. um tarado... seu pervertido. - ela afirmou, com a voz rouca e melodiosa, enquanto contornava-me novamente, pondo-se as minhas costas.

Meu corpo tremia de raiva, e pela ardência que me avermelhava a pele. Adrenalina pura corria dentro de mim a essa altura. E eu estava excitado novamente, bastante excitado.

Ela abraçou-me pelas costas, mordendo minha omoplata, deslisando a mão livre pelo meu abdomem, até encontrar meu membro duro. Joguei a cabeça para trás, respirando fundo e engolindo em seco. O toque dela era firme e sensual, e ela continuava a me morder enquanto acariciava o meu membro em toda a sua extensão. Eu nunca tinha sido torturado dessa maneira.

Então ela se afastou e me estalou o chicote mais três vezes, deixando-me as costas em brasa. Em seguida puxou a minha cueca até os tornozelos, deixando-a sobre as cordas que me imobilizavam os pés. E voltou a me acariciar, firme e ritmadamente, deixando-me cada vez mais rígido.

A esta altura minha respiração estava entrecortada e eu gemia, involuntariamente. Ela havia me levado ao topo do excitamento e eu só pensava que precisava ter um orgasmo ou morreria. Então ela se afastou de mim no momento em que eu estava quase no auge, deixando-me o membro pulsando e o corpo trêmulo de desejo. Sem aviso, ela me deu um tapa estalado, que deixou meu rosto queimando.

Fi-lha-da-pu-ta! Engoli em seco, sem dizer uma palavra. Eu dependia inteiramente dela para atingir o orgasmo, uma vez que estava completamente amarrado. E, pelos céus, era tudo o que eu mais precisava naquele momento. Meu corpo queimava por dentro, e a excitação no meu sexo chegava a ser aflitiva. Respirei fundo para não xingá-la em voz alta, enquanto mil pensamentos passavam pela minha cabeça. Ahh, como eu adoraria vê-la amarrada, e ter a oportunidade de penetrá-la até ouvi-la gritar!

Ela se aproximou novamente, lânguida como uma verdadeira gata, observando-me através da máscara. Levou as mãos ao lado dos seios, apertando-os um contra o outro, enquanto eu observava o movimento deles dentro do pequeno sutiã de couro. Então ela se inclinou e acomodou meu membro sobre aquele par de seios volumosos, e pressionou seu peito conta o meu corpo. Com as duas mãos nas minhas coxas, e meu membro pressionado entre os seios dela e meu próprio corpo, ela deu início a um sinuoso movimento de sobe-e-desce. Oh, céus... estava me levando a loucura outra vez. E, novamente, quando eu estava quase lá, ela parou e me deu mais algumas palmadas, nas pernas e no traseiro. Eu estava a ponto de explodir.

Mais uma vez ela se aproximou, e se colocou à minha frente, de costas para mim. Passou os braços pela minha nuca e puxou-me o cabelo. Ela estava tão perto, e seu perfume me envolvia, doce e cítrico, e sua nuca estava a minha mercê... eu a mordi, de maneira firme e cheia de desejo. Ela soltou um gritinho e puxou meu cabelo com mais força. Então, colada ao meu corpo, ela começou a mexer os quadris, rebolando... Eu sentia aquela bunda enorme e dura pressionada contra o meu membro, mexendo, mexendo, e mexendo...

Comecei e gemer alto... eu já estava fora de mim. Ela parou o movimento, sem se mover de onde estava. Podia sentir todo o calor do corpo dela e até mesmo a vibração de sua voz quando ela me disse, sexy e autoritária:

- Implora. Se quiser gozar vai ter de implorar.

- Por favor... eu quero gozar, por favor... - pedi sem pensar duas vezes.

Ela se virou e segurou meu membro, masturbando-me novamente. Enquanto sua mão direita me excitava, a esquerda passeava pelo meu traseiro, ora apertando-me, ora dando-me palmadas mais leves. Agarrada a mim, a mulher-gato roçava de leve a máscara na minha pele, enquanto mordia o meu peito, masturbando-me cada vez mais rápido. Desta vez ela me estimulou até o final, e eu urrei de prazer enquanto via os jatos jorrarem longe. O orgasmo me dilacerou por dentro, de uma forma deliciosa e sofrida como eu nunca havia sentido antes, deixando-me tonto de prazer e satisfação. Estava embriagado ainda por aquela sensação, quando ela se afastou de mim, retornado com um lenço amarrotado nas mãos. Ela tampou-me o nariz com ele, fazendo-me inalar aquele cheiro acre, e desfaleci no minuto seguinte.





Acordei em minha cama, dentre as familiares paredes do meu quarto, sem fazer ideia de quanto tempo se passara ou de como eu havia retornado. De modo algum havia sido um sonho, pois as marcas nos meus pulsos e a vermelhidão por todo o corpo eram bem reais. Sentei-me na cama, enquanto tomava consciência de que vestia novamente as minhas roupas. Um olhar para o criado mudo focalizou algo que despertou minha atenção. Havia um bilhete, estrategicamente digitado e imprimido.

"Como diria O Exterminador: I'll be back. Beijos e até a próxima."

Tive de rir. Continuei fitando o bilhete, entre a total descrença e o desejo de retaliação. Relembrei rapidamente tudo o que havia acontecido. No fundo eu havia gostado, mas aquela mulher me fizera sofrer além da conta. E ainda pretendia voltar? Que voltasse. Me encontraria bem mais preparado da próxima vez.

"Hasta la vista, baby", murmurei, e joguei-me na cama, exaurido.

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Nota da autora: O conto de hoje foi inspirado no conto "Capturado", de autoria de Ricardo Justino, que li no blog Meus Fetiches - Contos Eróticos e Outras Histórias. À medida que lia e gostava da história, minha mente ganhou asas e se povoou de imagens, criando uma versão para o tema mais ao meu perfil. A ideia não é comparar, ou me apropriar, mas acrescentar. Obrigada, Ricardo, pela fonte de inspiração. Gostei bastante da maneira como você escreve.

Nota 2: Peço perdão às minhas leitoras que apreciam as minhas séries com uma pegada mais romântica. Vou retornar à sequencia das série em breve. É que ultimamente minha criatividade tem se voltado para uma pegada mais bruta. Estou "exorcizando" este lado antes de voltar ao meu ritmo habitual. Obrigada.